segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O ônibus estava partindo, eu ainda deveria pegar o avião daqui a umas três horas. Meu ipod tocava Kim Carnes e meu coração pulava. Nada ficava pra trás, só uma vida inteira.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tíquete

Abri a conta no banco e já economizei a metade da grana pra pegar minha mochila e partir. Queria ver seu rosto, saber como ficará sem mim. Eu sei que bem. Mais toda vez que vou partir parte de mim apenas finge que vai, parece estar preocupada demais em não ter seus beijos novamente, seu abraço. Aqui existe uma vida inteira, meia vida. Eu já disse, eu apenas habito os lugares em que vou e ultimamente meus sorrisos são ocos. Desculpe se não posso mais regar seus dias com a felicidade que costumávamos ter. Os dias têm passado sem mim, eles passam variadamente, as vezes parecem que se arrastam e as vezes eu nem os vejo. Por isso preciso ir. Peço a você que me deixe ir, você não consegue. Talvez nem mesmo eu.
Tenho que te fazer entender que não há sentido em viver com os meus não compromissos. Cansei de dar os telefonemas para desmarcar as coisas, agora já não o uso. Um dia eu tenho que voltar pro mundo, mas meu mundo não é bem feito de pessoas. Quero me recolher no mundo, eu sou feita de mundo, mas é um inanimado. Vejo as árvores correrem. Troquei o metro pelo onibus para vê-las. Eu preciso reviver meu romantismo e essas coisas tolas que o 'estar de passagem' me fazem sentir. Meu tíquete de ida e só de ida.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mente

Fala de amor. Do vento que batia em seu rosto pela semiabertura do capacete da motocicleta. Fala da coragem que você teve naqueles dias de correr um mundo com um estranho - seriamente conhecido. Fala de amor. Do verde que vibrava enquanto caminhava sozinha por caminhos desconhecidos. Fala da vontade de gritar que te pedia em silêncio aos ouvidos. Fala! Diz pra mim das vontades, das verdades e da experiência tola de tomar um guaraná antártica e ver os olhos banharem-se em lágrimas. Me conta dos sorrisos, dos amigos, dos esquisitos graciosos. Não fala das mágoas, dos pseudo-ódios, das loucuras que você não cometeu por medo. Me fala dos caminhos por onde andou caminhando a toa, na zona de seus pensamentos. Mas finge que eu acredito que tudo isso é verdade. Porque eu sei que é preciso amar e é preciso mentir. Então se é pra mentir, mente esse amor enorme que você tem pelo mundo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Daquela vez

Lembra quando nos partimos? Daquela vez que eu disse que partiria sem rumo, pra um lugar qualquer que fosse? Sem rumo, sem olhos que me guiassem. Num tato louco de mim mesmo. Eu ainda não fiz essa viagem. Tive medo de partir de ti, mas acabei por partir de mim mesmo.
Todas as certezas desmoronam um dia, todas, sem que haja exceção. É que num dia a gente é e no seguinte nem sempre.
Não haviam mochilas, e me lembrei de um filme que eu assistia sempre que me sentia enclausurado, aquele “ O escafandro e a borboleta ”. Pois bem, diga-se de passagem, que o filme me fazia olhar os problemas – pseudos, bem o sabemos - num ângulo de tamanha mediocridade e assim eu seguia nos meus passos lentos ou não. Até agora! Chega uma hora que você se dá conta que não são bem problemas, pra mim era ausência de mundo. Era álcool e festa e amigos e música e nenhuma paz. No fim, na cama, sozinho, não há nada. Você sabe.
Então, aquietar-me por um tempo, com meus filmes, filosofias e as músicas rasteiras de minhas reflexões bastavam pelos meses seguintes. E minhas viagens consistiam-se nuns livros loucos que eu achava - ou me achavam – por uns sebos e livrarias da vida. Mas faltava algo que eu não conseguia de forma alguma identificar.
Uma hora você voltou e temporariamente tudo o mais. Tinha meus tais objetivos, que agora eu nem me lembro mais, e o trabalho, a minha insistência acadêmica também. Tudo certo, tudo em ‘paz’.